Sinos

Imagem Henriqueta Lisboa

Poema de Henriqueta Lisboa


Claros os sinos badalam,
os sinos badalam livres.
Os sinos não sentem nada,
tanto choram quanto riem.

Badalam os sinos de ouro,
respondem logo os de bronze.
Sinos altos lá do morro,
sinos não se sabe de onde.

À hora da missa badalam,
badalam à hora do enterro.
Anunciam bens e males,
não lhes importa o segredo.

Sinos de puro cristal
de metal sob a ferrugem.
Uns têm vozes matinais
outros têm vozes noturnas.

Na catedral ou na ermida
da mesma sorte badalam.
As procissões já sumiram
e alguém ficou a escutá-los.



Fonte: "Prisioneira da noite", Editora Civilização Brasileira, 1941.
Originalmente publicado em: "Prisioneira da noite", Civilização Brasileira, 1941.

Tecnologia do Blogger.