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Poema de Hilda Hilst
Vem dos vales a voz. Do poço.
Dos penhascos. Vem funda e fria
Amolecida e terna, anêmonas que vi:
Corfu. No mar Egeu. Em Creta.
Vem revestida às vezes de aspereza
Vem com brilhos de dor e madrepérola
Mas ressoa cruel e abjeta
Se me proponho ouvir. Vem do Nada.
Dos vínculos desfeitos. Vem do Nada.
Dos vínculos desfeitos. Vem dos ressentimentos.
E sibilante e lisa
Se faz paixão, serpente, e nos habita.
Fonte: "Da Poesia", Editora Companhia das Letras, 2017.
Originalmente publicado em: "Do desejo", Editora Pontes, 1992.
Fonte: "Da Poesia", Editora Companhia das Letras, 2017.
Originalmente publicado em: "Do desejo", Editora Pontes, 1992.