Flores da lua
Poema de Cruz e Souza
Brancuras imortais da lua nova,
Frios de nostalgia e sonolência...
Sonhos brancos da lua e viva essência
Dos fantasmas noctívagos da cova.
Da noite a tarda e taciturna trova
Soluça, numa trêmula dormência...
Na mais branda, mais leve florescência
Tudo em visões e imagens se renova.
Mistérios virginais dormem no espaço,
Dormem o sono das profundas seivas,
Monótono, infinito, estranho e lasso...
E das origens na luxúria forte
Abrem nos astros, nas sidéreas leivas
Flores amargas do palor da morte.
Fonte: "Faróis", Laemmert & Cia Livraria, 1900.
Originalmente publicado em: "Faróis", Laemmert & Cia Livraria, 1900.