152. Melgaço
Poema de crroma
Esquentou a água do rio.
Ao meio-dia não se podia
lavar as mãos
nem se lavavam vasilhas.
Melgaço das casas de palafita
do arquipélago Marajó.
Melgaço, cercada de floresta,
alastrava extremo calor.
A subsistência de roçados
secou como os lagos os poços.
Nada se tinha a pescar.
Escasseou a caça do mato.
O ar se ocupou de fumaça
em que bichos sufocavam.
A onça arriscava-se a tiros
para beber na beira do rio.
Melgaço sem hospital,
só embarcação ambulância.
Os habitantes expostos
ao escaldante meio-dia
- não se podia lavar as mãos
nem se lavavam vasilhas.
(Do G1: 'Isolada, sem água e energia: como a cidade de Melgaço sobreviveu ao maior extremo de calor de 2024')
(Do G1: 'Isolada, sem água e energia: como a cidade de Melgaço sobreviveu ao maior extremo de calor de 2024')
