128. Deslizamento


Poema de crroma



o céu estava limpo
a lua clareava bonito
até a chuva torrencial de madrugada

              a massa de terra
              soterrou residências
              no beco estreito

de um barraco que cedeu
só uma parede resistiu

o solo pastoso
              de lama com escombros
              e móveis quebrados

embargou-se a história
de um menino enteado,
da filha com a neta,
da irmã em visita à mãe
               e outras mães
               e outras filhas

entre destroços
somente o abandono
e a necessidade de cuidar
               do pouco que se tem

foi algo
que cedo ou tarde se esperava:
o descaso da cidade
             e seus cidadãos
admitia habitações
em áreas de alto risco




(Do Estado de Minas: 'Após a tormenta, desolação e medo em Ipatinga')