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Poema de Zalina Rolim
Dizem-me: "Esquece-o; que infantil cegueira
Ao teu olhar apaixonado oculta
Essa perfídia que abandona inteira
Tua existência à dor, vítima inulta?!
Ele esqueceu-te e alegre e forasteira,
Sob outros céus, livre, sua alma exulta;
Deixa-o também no olvido... e a derradeira
Aspiração do teu amor - sepulta."
E eu, que daria tudo nesse instante
Para esquecê-lo e odiá-lo, escuto, arfante,
Do coração falar-me a voz austera:
“És minha escrava, criatura inerme,
Lutas em vão; não poderás vencer-me:
Para esquecê-lo a minha morte espera."
Fonte: "O Coração", Tipografia Hennies & Winiger, 1893.
Originalmente publicado em: "O Coração", Tipografia Hennies & Winiger, 1893.