Ventura
Poema de Joaquim Norberto de Sousa Silva
O colibri formoso
No cálice das flores,
Tão brando quão mimoso,
Só frui vitais licores.
O zéfiro fagueiro
As águas osculando,
Vai doce e prazenteiro
A vida remoçando.
E eu que osculo a rosa,
Que nos teus lábios vejo,
A vida saborosa
Busco em furtado beijo.
Colibri, eu consigo
Gratíssimos licores,
E, zéfiro, mitigo
Do peito ígneos ardores.
Porém, ah! mais ditoso,
Além de alma doçura,
Prazer celeste gozo,
De amor provo a ventura!
Fonte: "O livro de meus amores", B. L. Garnier, 1848.
Originalmente publicado em: "O livro de meus amores", B. L. Garnier, 1848.