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Poema de Hilda Hilst



De rispidez e altivo

Passeias teu passo predador
Sobre o meu peito
E sobre o meu deserto.
Minha alma a teu redor
Na muralha dos séculos.

De amplitude e fervor
A casa e sua candeia
Te aguardam.
Famintas dessa caça
E desse caçador.

Se há volúpia no mal
Trago as mãos cheias.
Um sol que se dissolve me incendeia.
E é sempre o mesmo fogo
A lenha, o mesmo mal
E me incendeia.
E é sempre o mesmo fogo
A lenha, o mesmo mal



Fonte: "Da Poesia", Editora Companhia das Letras, 2017.
Originalmente publicado em: "Cantares de Perda e Predileção", Massao Ohno Editor, 1983.

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