A Amor
Poema de Joaquim Norberto de Sousa Silva
Feliz o que adora e ama,
Feliz o que ama e canta
A beleza que o inflama,
Que o seduz, que terna o encanta.
Amor é sina que inspira
No peito celeste flama,
Que tudo o que ai respira
Tarde ou cedo sempre ama.
O ser amado é ventura
Que deseja ardentemente
De uma virgem bela e pura
Quem de amor morrer se sente.
Ó amor, amor! Ó chama
A que tudo está sujeito,
Já te sinto que se inflama
Brandamente este meu peito.
Na aurora de nossa vida
Tu és a brisa serena,
Tão bela e sempre querida,
Tão risonha e sempre amena.
À tarde és o rijo vento,
Qual tufão, que se desata,
Que forte, que violento,
Tudo prostra e arrebata.
À noite és aura bonança
Cheia de gratos odores
Que nos trazem à lembrança
Jardim de mais belas flores.
E antes, amor, que eu ame,
Já a minha alma delira;
Antes que todo me inflame
Já soas na minha lira!...
Fonte: "O livro de meus amores", B. L. Garnier, 1848.
Originalmente publicado em: "O livro de meus amores", B. L. Garnier, 1848.