119. Super


Poema de crroma



Pelo engano, a vida continua
ou resigna-se às relações humanas.
Engano de consentir super-ricos,
de aspirar-se super-rico
na insuperável escassez
de superpobre,
supercarente,
superpedinte,
superumilde
- pressuposto de qualquer riqueza.

Nascemos para ser pelos outros
em sentido e em horizontes.
Inscrevemos dessemelhanças nos corpos,
engendrando fortunas
a indivíduos.
De poder ungidos, excêntricos
conduzem nosso tempo,
edificam governos
para o desperdício do mundo.

Até aqui o sol
tem sido sempre
não ele mesmo, astro
um pouco estranho
ao que era antes,
como tudo mais que persiste.
Como os danos que caem
de super-ricos
hospedados em superotéis,
com supervestidos,
entre máscaras de discursos
que supercomunicam.

Irradiados por anúncios
(entre dissimulados e francos)
do esconso autoritarismo,
os danos caem sobre pessoas
atrofiadas pelo consumo,
em quem o engano teceu
superegoísmo,
e caem sobre despossuídos,
sobrecarregam-nos,
superpungidos,
supertragados pelo ônus
de suportar a adversidade.