Samba de fato - Cícero de Almeida

A palavra Poesia escrita dentro de um círculo azul cercado por uma moldura amarela.

Poema de Cícero de Almeida


Samba do partido alto
só vai cabrocha que samba de fato.

Só vai mulato filho de baiana
e a gente rica de Copacabana -
doutor formado de anel de ouro,
branca cheirosa do cabelo louro.

Também vai nego que é gente boa,
criola à prosa, gente da coroa,
porque no samba nego tem patente,
tem melodia que maltrata a gente.

Ronca o pandeiro, chora o violão,
que até levanta poeira do chão.
Partido alto é samba de arrelia,
vai na cabeça até raiar o dia.

E quando o samba está mesmo enfezado
a gente fica com os olhos virados.
Se por acaso tem desarmonia,
vai todo mundo pra delegacia.




Fonte: "Acervo Digital Pixinguinha", 2023.
Originalmente publicado em: disco Victor 33.585-B, 1932.