Disparates na língua brasílica
Poema de Gregório de Matos
Indo à caça de tatus,
encontrei Quatimondé
na cova de um jacaré,
tragando treze teiús:
eis que dois surucucus,
como dois jaratacacas,
vi vir atrás de umas pacas,
e, a não ser um preá,
creio que o tamanduá
não escapa às gebiracas.
De massa, um tapiti,
um cofo de sururus,
dois puçás de baiacus,
samburá de murici:
com uma raiz de aipi
vos envio de Passé,
e enfiado num imbé,
Guiamu e Caiaganga,
que são de Jacaracanga,
bagre, timbó, inhapupê.
Minha rica Cumari,
minha bela Camboatá,
como assim de Pirajá
me desprezas, tapiti?
Não vedes que murici
sou desses olhos timbó,
amante mais que um cipó,
desprezado Inhapupê?
Pois se eu fora Zabelê,
vos mandara um Miraró.
Fonte: "Obra Poética", Editora Record, 1992.
Originalmente publicado em códices da segunda metade do século XVII.