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Poema de Fernando Pessoa



Passava eu na estrada pensando impreciso,
          Triste à minha moda.
Cruzou um garoto, olhou-me, e um sorriso
          Agradou-lhe a cara toda.

Bem sei, bem sei: sorriria assim
          A um outro qualquer,
Mas então sorriu assim para mim...
          Que mais posso eu querer?

Não sou nesta vida nem eu nem ninguém,
          Vou sem ser nem prazo...
Que ao menos na estrada me sorria alguém
          Ainda que por acaso.



Fonte: 'Obra Poética', décima edição, Editora Nova Fronteira, 2001.

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