Campo
Poema de Cecília Meireles
Campo da minha saudade:
vai crescendo, vai subindo,
de tanto jazer sem nada.
Desvelo mudo e contínuo
que vai revestindo os montes
e estendendo outros caminhos.
Mergulhada em suas frondes,
a tristeza é uma esperança
bebendo a vazia sombra.
Águas que vão caminhando
dispersam nos mares fundos
mel de beijo e sal de pranto.
Levam tudo, levam tudo
agasalhado em seus braços.
Campo imenso - com o meu vulto...
E ao longe cantam os pássaros.
Fonte: "Viagem", Editora Ocidente, 1942.
Originalmente publicado em: "Viagem", 1939.