Mulato anti-metropolitano


Poema de Laurindo de Almeida



Sei de um mulato
Que não gosta da cidade
E diz que isto aqui "por baixo"
Não é pra ele não

Prefere o morro
Dispensa o cinema
E "neris" de fox-trot
É do samba-canção

No carnaval diz que
Desceu fantasiado
E foi mal interpretado
pelos brancos de cá

Fez um colarinho
Do seu violão
Depois subiu o morro
Chorando esta canção:

Quem quebrou meu violão
de estimação?
Foi ela, foi ela a culpada
Que ficou sugestionada
Com as danças de cá

E hoje ele vive no morro
Onde há samba pra cachorro
Onde o povo é mais igual



Fonte: "O melhor do choro brasileiro", Irmãos Vitale Editores, 1997.
Originalmente publicado em: disco Odeon 11787 A, 1939.










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