Glórias do vento
Poema de Cecília Meireles
Naquele tempo univalve,
havia a música: havia
o ir e vir da alegria
com seu nome e clave.
A pedra do eco, essa pedra
palpitante de ar, mandava
suaves recados à brava
solidão da terra.
E dos hinos e dos prantos
restavam serenas vozes
e os instantes mais atrozes
tinham som de humanos.
Depomos agora as harpas,
já que os muros de cimento
matam as glórias do vento
sob muitas capas.
Fonte: "Antologia Poética", Editora do Autor, terceira edição, 1966.
Originalmente publicado em: "Antologia Poética", 1963.
Fonte: "Antologia Poética", Editora do Autor, terceira edição, 1966.
Originalmente publicado em: "Antologia Poética", 1963.