As latrinas do Colégio Marista do Recife
Poema de João Cabral de Melo Neto
Nos Colégios Marista (Recife),
se a ciência parou na Escolástica,
a malvada estrutura da carne
era ensinada em todas as aulas,
com os vários creosotos morais
com que lavar gestos, olhos, línguas;
à alma davam a água sanitária,
que aliás nunca usavam nas latrinas.
Lavar, na teologia marista,
é coisa da alma, o corpo é do diabo;
a castidade dispensa a higiene
do corpo, e de onde ir defecá-lo.
Fonte: "A educação pela pedra e depois", Editora Nova Fronteira, 1997.
Originalmente publicado em: "Agrestes", 1985.