A cana de açucar
Poema de João Cabral de Melo Neto
A cana de açúcar, tão pura,
se recusa, viva, a estar nua:
desde cedo, saias folhudas
milvestem-lhe a perna andaluza.
É tão andaluza em si mesma
que cresce promíscua e honesta;
cresce em noviça, sem carinhos,
sem flores, cantos, passarinhos.
Fonte: "A educação pela pedra e depois", Editora Nova Fronteira, 1997.
Originalmente publicado em: "A escola das facas", 1980.