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Poema de Amanda Bruno
por que vim me ocupar
desses prédios
que não se sustentam
imprevisíveis
sobrevivem a uma hecatombe
mas caem com uma brisa
deveria ter me ocupado
de cálculos
de vigas
de um alicerce que funcione
algo em que eu possa me apoiar
encostar a cabeça para dormir
algo sólido
ainda que desconfortável
um lugar para onde pudesse pular
agarrada a um parapeito
dependurada num toldo
agora
enquanto
desabo
Fonte: Coleção "Leve um Livro", 2016.