O menino e o córrego (trechos)
Poema de Manoel de Barros
I
A água
é madura.
Com pena de garça.
Na areia tem raiz
de peixes e de árvores.
Meu córrego é de sofrer pedras
Mas quem beijar seu corpo
é brisas...
III
No chão da água
luava um pássaro
por sobre espumas
de haver estrelas.
A água escorria
por entre as pedras
um chão sabendo
a aroma de ninhos.
IV
Ai
que transparente
aos voos
está o córrego!
E usado
de murmúrios...
Originalmente publicado em: "Compêndio para uso dos pássaros", 1960.