Estátuas jacentes
Poema de João Cabral de Melo Neto
1.
Certas parecem dormir
de um sono empedernido
que gelasse seu sangue,
veias de arame rígido;
e que as veias de ferro
lhe fossem interno cárcere,
aprisionando o corpo
entre enramadas grades.
2.
Outras como que dormem
do sono empedernido
mas não interno, externo,
ou de um sono vestido;
estão como vestidas
de sua morte, engomadas,
dentro de seus vestidos
duros, emparedadas.
Originalmente publicado em: "Museu de tudo", 1975.