Estátuas jacentes

Imagem de João Cabral de Melo Neto

Poema de João Cabral de Melo Neto



1.
Certas parecem dormir
de um sono empedernido
que gelasse seu sangue,
veias de arame rígido;

e que as veias de ferro
lhe fossem interno cárcere,
aprisionando o corpo
entre enramadas grades.

2.
Outras como que dormem
do sono empedernido
mas não interno, externo,
ou de um sono vestido;

estão como vestidas
de sua morte, engomadas,
dentro de seus vestidos
duros, emparedadas.



Fonte: "A educação pela pedra e depois", Editora Nova Fronteira, 1997.
Originalmente publicado em: "Museu de tudo", 1975.


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