desaparecença

Imagem de Paulo Leminski

Poema de Paulo Leminski


Nada com nada se assemelha.
Qual seria a diferença
entre o fogo do meu sangue
e esta rosa vermelha?
Cada coisa com seu peso,
cada quilômetro, seu quilo.
De que é que adianta dizê-lo,
isto, sim, é como aquilo?
Tudo o mais que acontece,
nunca antes sucedeu.
E mesmo que sucedesse,
acontece que esqueceu.
Coisas não são parecidas,
nenhum paralelo possível.
Estamos todos sozinhos.
Eu estou, tu estás, eu estive.



Fonte: "Toda Poesia", Editora Companhia das Letras, 2013.
Originalmente publicado em: "distraídos venceremos", 1987.


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