A mulher no deserto
Poema de Murilo Mendes
A mulher de areia
Penteia os cabelos de folhas de palmeira,
Estende as mãos de cardo
Pedindo água,
Depois descansa as mãos de cardo
Na humildade da pedra.
A mulher do deserto
Pensa nos seus amores infelizes,
Pensa nos seus amores
Que se evaporam quando o sol nasceu.
Depois não pode mais pensar
Porque o tempo é pouco para pedir água.
Fonte: "O Menino Experimental", Summus Editorial, 1979.
Originalmente publicado em: "O Visionário", Editora José Olympio, 1941.