Tortura íntima

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Poema de Sarah de Tobias



Dentro da obscura noite a música sonora
De um beijo ecoa mansamente...

A sombra inclina a fronte sonhadora
E envolve o verde corpo ardente
Da Natureza virgem...

É a hora da vertigem...
E até parece
Que o silêncio, embalado na sombra, adormece.

No céu distante, as primeiras estrelas
Palpitam amorosas.

Um queixume de folhas amarelas
E um perfume de rosas
Erram pelo infinito...

E na paz emoliente dessa hora
Eu choro e ardo em febre e me agito.

A calma sonhadora
Desta noite sem luar
Agita o meu desejo, e me devora
A infinita vontade de pecar...

E tenho ânsias de amar... de apertar o Infinito
E de lançar a esmo o meu triumfante grito...

Dói-me a tortura de não ter amado
E levo dentro da alma essa tristeza,
Vendo vibrar na sombra a Natureza
No espasmo delicioso do pecado...



Fonte: "Emoções secretas", Placido & Silva Editores, 1924.
Originalmente publicado em: "Emoções secretas", Placido & Silva Editores, 1924.

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