177. Oferenda


Poema de crroma



Se cortaram as flores do campo,
se, em jardins e pelos canteiros,
borrifaram veneno,
se o dia esquenta sem remorsos,

desaparecem as borboletas.
Triste flagelo a suceder lento.
Por meio do duro toque humano,
o tempo torna exíguo os casulos,

o bater iridescente das asas
na navegação pela aragem,
a trama de cores e pétalas
quando, atentas, pousam

para o alimento do néctar.
Prosseguimos no modo de ser
em que violamos o mundo,
e que impõe a oferenda

(uma entre outras tantas)
- ou o perverso sacrifício -
do existir das borboletas.