Alma aflita

Imagem Henriqueta Lisboa

Poema de Henriqueta Lisboa



Presa entre as margens do barranco,
a alma a esplender ao sol do estio,
pedras revolve e hastes arranco
porque a minha ânsia é como um rio.

E quantas vezes, ao luar branco,
longe do mar que em sonho espio,
nas próprias lágrimas estanco
a inanição, a dor, o frio...

Sou como a vaga: ergue-se à tona,
espumas leves abre no alto
e de repente desmorona...

As grenhas d'água em vão sacudo:
como a cachoeira, assim, de um salto,
pudesse eu ver o fim de tudo!



Fonte: "Enternecimento", Paulo Pongetti Editora, 1929.
Originalmente publicado em: "Enternecimento", Paulo Pongetti Editora, 1929.

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