Saudade
Poema de Zalina Rolim
Amargurante, dolorida, intensa,
Ao meu olhar velando a etérea alvura
Das alegrias santas, se condensa
E avassalar minha alma audaz procura;
Lenta caminha nebulosa e densa
No seio meu, intrépida e segura;
E o abatimento da letal doença
Faz-me abençoar o mal que me tortura.
Nem mais o ânimo resta-me, a energia
Para fugir a este martírio lento
Que me envenena e os nervos me entibia;
E, esmorecida, entrego-me aos rigores
Deste inefável gozo que é um tormento:
- Dor que em minha alma desabrocha em flores...
Fonte: "O Coração", Tipografia Hennies & Winiger, 1893.
Originalmente publicado em: "O Coração", Tipografia Hennies & Winiger, 1893.