4. Pena capital
Poema de crroma
A pena capital vigora sem freios,
o hediondo se exerce sem pudores,
transmite-se pelos telejornais, viraliza
em portáteis aparelhos.
Defensores do meio ambiente
e do direito à terra
silenciados pela morte.
Se intimidação, difamação,
se criminalização não resultarem efeito,
aplica-se sem medo e sem dó
a pena capital:
mata-se.
Estratégia brutal
da concentração fundiária, do narcotráfico, do lucro.
É a estúpida lei do crime mais forte
de quando o Estado fecha os olhos
e se faz mínimo.
No país que assassina
o querer pequeno
de cultivar, de viver na terra,
ou preservar uma nascente,
Mãe Bernadete levou 12 tiros em Simões Filho,
região metropolitana de Salvador.
Sebastiana, 92 anos, e Rufino,
do povo Guarani Kaiowá,
foram queimados vivos
na casa onde viviam.
Eis o exercício dos justos
nessa miserável colônia:
em nome do pó, da força
e da especulação financeira
(os bárbaros respondem em coro
- Amém!).
(a partir da notícia 'Brasil é o segundo país que mais mata ambientalistas', da Deutsche Welle)