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Poema de Manoel de Barros



Não é por me gavar
                    mas eu não tenho esplendor.
Sou referente pra ferrugem
                    mais do que referente pra fulgor.
Trabalho arduamente pra fazer o que é desnecessário.
O que presta não tem confirmação,
                    o que não presta, tem.
Não serei mais um pobre-diabo que sofre de nobrezas.
Só as coisas rasteiras me celestam.
Eu tenho cacoete pra vadio.
As violetas me imensam.



Fonte: "Poesia Completa", Editora Leya, 2010.
Originalmente publicado em: "Livro sobre nada", 1996.


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