Poema de finados

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Poema de Manuel Bandeira



Amanhã que é dia dos mortos
Vai ao cemitério. Vai
E procura entre as sepulturas
A sepultura de meu pai.

Leva três rosas bem bonitas.
Ajoelha e reza uma oração.
Não pelo pai, mas pelo filho:
O filho tem mais precisão.

O que resta de mim na vida
É a amargura do que sofri.
Pois nada quero, nada espero.
E em verdade estou morto ali.




Fonte: "Libertinagem e Estrela da Manhã", Editora Nova Fronteira, 2000.
Originalmente publicado em: "Libertinagem", 1930.