Desalento
Poema de Myriam Fraga
Pelo girar das estrelas,
Pelos
Astrolábios que crescem
No jardim,
Pelas agulhas cruéis,
Rodopiantes,
Sei que não há norte
Nem princípio.
Este navio existe,
Mas o porto
É uma pedra no fundo
Do impossível.
Velas turvas do acaso,
Que intranqüilo
É este mar que devoro
E não tem fim.
Fonte: "Poesia reunida", Oiti, 2021.
Originalmente publicado em: "As purificações ou O sinal de talião", Civilização Brasileira, 1981.