*
Poema de Myriam Fraga
Só decifro
O que não vejo,
Tua funda cicatriz.
Gilvaz na pedra
E no tempo,
Sinal aberto
Aos segredos
Que adivinho
(E tenho medo).
Só desvendo
O que se esconde,
Marca de dente, vampiro
Desfeito nos teus calores.
Penetro
No que ignoro,
Teus dispersos
Labirintos.
E sinto que
O que espreito
É a sombra de mim mesmo.
Fonte: "Poesia reunida", Oiti, 2021.
Originalmente publicado em: "O livro dos adynata", Edições Macunaíma, 1973.