O cavalinho-do-mar
Poema de Olga Savary
Olho fundo a órbita seca de seus olhos tristes
como os meus
e ouço ainda a cantarola da água fiando pedras
entre as vísceras de seu corpo murcho
(ah, a saudade arremessada pelas ondas
- verde alegria líquida -
e o sal pelos sargaços
e algas marinhas).
Os olhos se abismam em seus olhos secos
e penso
no dia em que tua presença clara se apartar
de mim e eu tiver também os olhos mortos
como aquele cavalinho-do-mar.
Fonte: "Repertório selvagem - obra reunida", Biblioteca Nacional/ Multi Mais/ Universidade de Mogi das Cruzes, 1998.
Originalmente publicado em: "Espelho Provisório", José Olympio, 1970.