Noturno da Parada Amorim
Poema de Manuel Bandeira
O violoncelista estava a meio do Concerto de Schumann
Subitamente o coronel ficou transportado e começou a gritar: - Je vois des anges! Je vois des anges! - E deixou-se escorregar sentado pela escada abaixo.
O telefone tilintou.
Alguém chamava?... Alguém pedia socorro?...
Mas do outro lado não vinha senão o rumor de um pranto desesperado!...
(Eram três horas.
Todas as agências postais estavam fechadas.
Dentro da noite a voz do coronel continuava a gritar: - Je vois des anges! Je vois de anges!)
Fonte: "Libertinagem e Estrela da Manhã", Editora Nova Fronteira, 2000.
Originalmente publicado em: "Libertinagem", 1930.