Reminiscência

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Poema de Gilka Machado



Na noite fria
tua voz quente
expunha anseios tais,
tinha um tal despudor,
vinha tão nua,
que minha boca sentiu desejos
de vesti-la de beijos...

Na noite fria
tua voz quente
errava, louca de destemor,
pelos gelados e ermos espaços...
e tive pena de tua fala...
o abri minha alma para abriga-la.

Na noite fria
tua voz quente
pedia tanto,
chorava tanto...
que minha vida te dei,
com a mágoa
com que se lança
velho tesouro às mãos travessas de uma criança.




Fonte: "Sublimação", Editora Typo Baptista de Souza, 1938.
Originalmente publicado em: "Sublimação", Editora Typo Baptista de Souza, 1938.





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