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Poema de Oswald de Andrade



Desenvoltura
Atração sinuosa
Da terra pernambucana
Tudo se enlaça
E absorve em ti
Retilínea
Cana de açúcar
Dobrada
Para deixar mais alta
Olinda
Plantada
Sobre uma onda linda
Do mar pernambucano

Mas os guindastes
São canhões que ficaram
Em memória
Da defesa da Pátria
Contra os holandeses

Chaminés
Palmares do cais
Perpendiculares aos hangars
E às broas negras d'óleo
Baluarte do progresso
Para render
Os velhos fortes
Carcomidos
Pelos institutos históricos

Na paisagem guerreira
Os coqueiros se empenacham
Como guerreiros em festa

Ruas imperiais
Palmeiras imperiais
Pontes imperiais
As tuas moradias
Vestidas de azul e de amarelo
Não contradizem
Os prazeres civilizados
Da Rua Nova
Nos teus paralelepípedos
Os melhores do mundo
Os automóveis
Do Novo Mundo
Cortam as pontes ancestrais
Do Capiberibe

Desenvoltura
Concreto sinuoso
Que liga o arranha-céu
À bênção das tuas igrejas
Velhas
De abençoar
A gente corajosa
De Pernambuco



Fonte: "Oswald de Andrade - Poesia Reunida", Editora Civilização Brasileira, 1974.
Originalmente publicado em: "Pau-Brasil", Sains Peril, 1925.

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