A leitura interrompida
Poema de Mario Quintana
A nossa vida nunca chega ao fim. Isto é, nunca termina no fim.
É como se alguém estivesse lendo um romance e achasse o enredo enfadonho e, interrompendo, com um bocejo, a leitura, fechasse o livro e o guardasse na estante. E deixasse o herói, os comparsas, as ações, os gestos, tudo ali esperando, esperando…
Como naquele jogo a que chamavam brincar de estátua.
Como num filme que parou de súbito.
Fonte: "Poesia Completa", Editora Nova Aguilar, 2006.
Originalmente publicado em: "A vaca e o hipogrifo", 1977.