Poema do mais triste maio

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Poema de Manuel Bandeira



Meus amigos, meus inimigos,
Saibam todos que o velho bardo
Está agora, entre mil perigos,
Comendo, em vez de rosas, cardos.

Acabou-se a idade das rosas,
Tudo é vil, tudo é sáfio, árduo.
Nas longas horas dolorosas
Pungem fundo as puas do cardo.

As saudades não me consolam,
Antes pungem-me como cardos.
As companhias me desolam,
E os versos que me vêm, vêm tardos.

Meus amigos, meus inimigos,
Saibam todos que o velho bardo
Está agora, entre mil perigos,
Comendo, em vez de rosas, cardos.



Fonte: "Antologia Poética", Editora Nova Fronteira, 2001.
Originalmente publicado em: "Estrela da Tarde", 1963.

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