Estética

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Poema de Ronald de Carvalho



Deixa o teu pensamento fecundar-se lentamente,
como no seio da terra a humilde semente.

Deixa-o, modesto e silencioso,
crescer como o fruto na árvore,
como o fruto no. mais alto ramo da árvore!

Não o exponhas ao primeiro curioso.

Lembra-te que, um dia, fatalmente,
como a flor que se desfolha à-toa,
como o fruto que rola pelo chão,
ou folha que vem e vai, voa e revoa,
para cair cessado o turbilhão,
ele apodrecerá inutilmente,
esquecido no chão, no pó anônimo do chão.



Fonte: "Epigramas irônicos e sentimentais", Anuário do Brasil, 1922.
Originalmente publicado em: "Epigramas irônicos e sentimentais", Anuário do Brasil, 1922.


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