Na penumbra
Poema de Raimundo Correa
Raiava, ao longe, em fogo a lua nova,
Lembras-te?... apenas reluzia a medo,
Na escuridão crepuscular da alcova
O diamante que ardia-te no dedo...
Nesse ambiente tépido, enervante,
Os meus desejos quentes, irritados,
Circulavam-te a carne palpitante
Como um bando de lobos esfaimados..
Como que estava sobre nós suspensa
A pomba da volúpia; a treva densa
Do teu olhar tinha tamanho brilho!
E os teus seios que as roupas comprimiam,
Tanto sob elas, túmidos, batiam,
Que estalavam-te o flácido espartilho!
Fonte: "Sinfonias", Livraria editora de Faro & Lino, 1883.
Originalmente publicado em: "Sinfonias", Livraria editora de Faro & Lino, 1883.