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Poema de Cláudio Manuel da Costa
Que tarde nasce o Sol, que vagaroso!
Parece que se cansa de que a um triste
Haja de aparecer: quanto resiste
A seu raio este sítio tenebroso!
Não pode ser que o giro luminoso
Tanto tempo detenha; se persiste
Acaso o meu delírio! se me assiste
Ainda aquele humor tão venenoso!
Aquela porta ali se está cerrando;
Delia sai um Pastor: outro assobia
E o gado para o monte vai chamando.
Ora não há mais louca fantasia!
Mas quem anda, como eu, assim penando,
Não sabe quando é noite ou quando é dia.
Fonte: "Obras poéticas", H. Garnier, 1903.
Originalmente publicado em: "Obras", 1768.