*

Imagem de Cláudio Manuel da Costa

Poema de Cláudio Manuel da Costa



Entre este álamo, ó Lize, e essa corrente
Que agora estão meus olhos contemplando,
Parece que hoje o céu me vem pintando
A mágoa triste que meu peito sente.

Firmeza a nenhum deles se consente
Ao doce respirar do vento brando;
O tronco a cada instante meneando,
A fonte nunca firme ou permanente.

Na líquida porção, na vegetante
Cópia daquelas ramas se figura
Outro rosto, outra imagem semelhante;

Quem não sabe que a tua formosura
Sempre móvel está, sempre inconstante,
Nunca fixa se viu, nunca segura?



Fonte: "Obras poéticas", H. Garnier, 1903.
Originalmente publicado em: "Obras", 1768.

Tecnologia do Blogger.