88. Várzea do Amazonas


Poema de crroma



Um mirífico cenário. O mar de moscas
altíssono zumbia. O rio
estagnado de nódoas brancas
ou pretas de peixes, de quelônios,
de jacarés e de arraias.

Inanimados corpos boiavam
às toneladas.
Deles se cevavam os urubus e as garças.
Prodígio de fétidos odores.
Tamanha mortandade nunca
provaram os antigos ribeirinhos.

A seca encolheu igarapés
sob o ramoso fumo de queimadas.
Mornos filetes d'água
careciam de oxigênio.
A chuva, num choque frio,
derramou-se junto à morte.