Suspiros

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Poema de Casimiro de Abreu



À minha terra formosa,
Que eu amo do coração,
Quero enviar uns suspiros
Nas asas da viração.

Corre brisa, pressurosa
Sobre esses plainos de anil,
Vai brincar pelas campinas,
Pelos vergéis do Brasil.

Lá verás um céu mais lindo,
Como tão lindo não ha;
Lá ouvirás os gorjeios,
Os cantos do sabiá.

Lá verás belas palmeiras,
Lindas flores com perfumes,
O regato que murmura,
A fonte que diz queixumes.

Lá verás a minha bela
Sentada no seu jardim,
Na mão encostada a face,
Saudosa, pensando em mim.

Ó brisa linda e travessa,
No teu mais doce bafejo
Em seus lábios cor de rosa
Bem de manso, dá-lhe um beijo.

Se uma lágrima furtiva
Nos olhos lhe balouçar...
Traz-me esse pranto de amor,
Que quem chora, sabe amar.

Diz-lhe que o amante fiel
Só por ela suspirava,
E que nas brisas da tarde
Seus suspiros enviava.

Diz-lhe que o filho extremoso
O mesmo afeto inda tem,
E que contrito e fervente
Orava por sua mãe.

Diz-lhe que o pobre proscrito,
Da noite na majestade,
Chorava por sua terra
Longos prantos de saudade.

Diz-lhe que o triste poeta
Cantava cantos de dor,
Que sua lira, gemendo,
Dizia : - Brasil e amor !.-



Fonte: "Obras Completas", B L Garnier, 1887.
Originalmente publicado em: "Primaveras", 1858.

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