Saudades

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Poema de Casimiro de Abreu



Nas horas mortas da noite
Como é doce o meditar
Quando as estrelas cintilam
Nas ondas quietas do mar;
Quando a lua majestosa
Surgindo linda e formosa,
Como donzela vaidosa
Nas águas se vai mirar!

N'essas horas de silêncio,
De tristezas e de amor,
Eu gosto de ouvir ao longe,
Cheio de mágoa e de dor,
O sino do campanário,
Que falia tão solitário
Com esse som mortuário,
Que nos enche de pavor.

Então - proscrito e sozinho -
Eu solto aos ecos da serra
Suspiros d'essa saudade
Que no meu peito se encerra.
Esses prantos de amargores
São prantos cheios de dores:
- Saudades - dos meus amores,
- Saudades - da minha terra!



Fonte: "Obras Completas", B L Garnier, 1887.
Originalmente publicado em: "Primaveras", 1858.

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