Versos para música

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Poema de Castro Alves



Ingrata! E fazes milagres...
E não crês em ti sequer...
Vê, teu riso quebra as lousas,
Eu sou Lázaro, mulher.

Tu me perguntas, formosa,
Se a alma tem outra flor...
Se revive murcha a rosa...
Se renasce morto o amor...

Ingrata! pois tu duvidas?
Do influxo do teu poder!...
Minh'alma é planta aquecida
Nos teus sorrisos, mulher.

Ingrata! Tu que dás vida
Não vês sequer teu poder!...
Olha-me!... Eu vivo, querida!...
Eu sou Lázaro, mulher!... 

Eu era a triste crisalida,
Tu foste a luz do arrebol!...
Minh'alma desperta válida
Aos raios da luz do sol!...

Ingrata! Inda assim duvidas
Do influxo de teu poder...
Vês, minh'alma? É borboleta
Que tu salvaste, mulher.

Ingrata! E fazes prodígio
E não crês em ti sequer!...
Minha alma é lousa florida
Aos teus afagos, mulher! 



Fonte: "Obras completas", Livraria Francisco Alves, 1921.
Originalmente publicado em: "Obras completas", Livraria Francisco Alves, 1921.

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