As duas flores

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Poema de Castro Alves



São duas flores unidas,
São duas rosas nascidas
Talvez-no mesmo arrebol,
Vivendo no mesmo galho,
Da mesma gota de orvalho,
Do mesmo raio de sol.

Unidas, bem como as penas
Das duas asas pequenas
De um passarinho do céu...
Como um casal de rolinhas,
Como a tribo de andorinhas
Da tarde no frouxo véu.

Unidas, bem como os prantos,
Que em parelha descem tantos
Das profundezas do olhar...
Como o suspiro e o desgosto,
Como as covinhas do rosto,
Como as estrelas do mar. 

Unidas... Ai quem poderá
N'uma eterna primavera
Viver, qual vive esta flor.
Juntar as rosas da vida
Na rama verde e florida,
Na verde rama do amor! 



Fonte: "Obras completas", Livraria Francisco Alves, 1921.
Originalmente publicado em: "Espumas flutuantes", Camillo de Lellis Masson & C., 1870.

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