À cidade da Bahia - Gregório de Matos
Poema de Gregório de Matos
Triste Bahia! Ó quão dessemelhante
Estás e estou do nosso antigo estado!
Pobre te vejo a ti, tu a mim empenhado,
Rica te vi eu já, tu a mim abundante.
A ti trocou-te a máquina mercante
Que em tua larga barra tem entrado.
A mim foi-me trocando, e tem trocado,
Tanto negócio e tanto negociante.
Deste em dar tanto açúcar excelente
Pelas drogas inúteis, que, abelhuda,
Simples aceitas do sagaz Brichote.
Oh se quisera Deus, que, de repente,
Um dia amanheceras tão sisuda,
Que fora de algodão o teu capote!
Fonte: "Seleção de Obras Poéticas", Biblioteca Virtual do Estudante Brasileiro, 1996.
Originalmente publicado em códices da segunda metade do século XVII.