Belo belo
Poema de Manuel Bandeira
Belo belo belo,
Tenho tudo quanto quero.
Tenho o fogo de constelações extintas há milênios.
E o risco brevíssimo - que foi? passou! - de tantas estrela cadentes.
A aurora apaga-se,
E eu guardo as mais puras lágrimas da aurora.
O dia vem, e dia adentro
Continuo a possuir o segredo grande da noite.
Belo belo belo,
Tenho tudo quanto quero.
Não quero o êxtase nem os tormentos.
Não quero o que a terra só dá com trabalho.
As dádivas dos anjos são inaproveitáveis:
Os anjos não compreendem os homens.
Não quero amar;
Não quero ser amado.
Não quero combater,
Não quero ser soldado.
- Quero é a delícia de poder sentir as coisas mais simples.
Fonte: "Antologia Poética", Editora Nova Fronteira, 2001.
Originalmente publicado em: "Lira dos Cinquent'anos", 1940.
Fonte: "Antologia Poética", Editora Nova Fronteira, 2001.
Originalmente publicado em: "Lira dos Cinquent'anos", 1940.