Noturno

Imagem de João Cabral de Melo Neto

Poema de João Cabral de Melo Neto



O mar soprava sinos
os sinos secavam as flores
as flores eram cabeças de santos.

Minha memória cheia de palavras
meus pensamentos procurando fantasmas
meus pesadelos atrasados de muitas noites.

De madrugada, meus pensamentos soltos
voaram como telegramas
e nas janelas acesas toda a noite
o retrato da morta
fez esforços desesperados para fugir.



Fonte: "Serial e antes", Editora Nova Fronteira, 1997.
Originalmente publicado em: "Pedra do Sono", 1942.


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